É difícil construir uma relação, ele nunca construiu uma, pelo menos não até... não é a hora deste relato, vamos considerar que ele nunca teve uma relação, pelo menos até certo ponto, namorou com uma vizinha durante três meses, nada de notório, línguas não se tocaram, desejos não se tornaram reais, o termino veio com as ligações noturnas e matinais, conversas sem fluxo, sem segredos, sem desejos, se contentavam com declarações ralas, opacas.
Aos poucos se acostumava com uma vida vazia, até que veio mais uma paixão, uma colega da vazia espiritualidade cristã da igreja que até então freqüentava, mas contratos telepáticos nunca foram confiáveis, ao não deixar o namoro pacato, a mini-beata afundou-se na triste sina que propõe o distanciamento.
Ele escoava rapidamente pelas avenidas centrais, não digo que procurava um motivo para viver, essas reflexões raramente se apresentam, mas de acordo com Sartre, apresentam-se. Acostumou-se a viver sem motivos. Encontrava todos os dias garotas atraentes, com meandros chamativos, não para ele, mas era experiente o suficiente para que elas não o notasse.

Em uma das mudanças necessárias, mas por acaso, conheceu gente como ele, pelo menos assim pareceu, gente sem muito a dar ou a receber, mas alegre, bonita, não que ele fosse bonito, rosto um pouco tanto redondo, corpo um pouco tanto definido, encontrou gente que assim como ele, não saberia nunca juntar desejo-amor, o julgamento esteve presente novamente, a cada mordida, a cada gemido de dor e de alegria, o sorriso foi ao rosto como o filho vai à mãe, como um anjo terno rumo ao inferno.
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ResponderExcluirIsso quer dizer que me surpreendeu demais!
Adorei!