Tenho
certa
necessidade
de
nomear:
quando
criança
não
tinha
uma
peça
de
minhas
coleções
que
não
possuíssem
um
nome,
inventado,
misturado
ou
admirado.
Mas
ela,
a
menina
que
encontrei
de
mais
perversa,
trouxe-me
até
então
a
dúvida
maior:
como
se
chama?
Acontece
que
sempre
tive
uma
inexplicável
ciência,
pouco
empirista,
mas
legitimada
na
instituição
do
“eu”.
Nesta,
sem
cálculos
ou
grandes
teorias
epistemológicas,
acreditava
eu
perfeitamente
que
as
coisas
já
possuem
nomes
naturais,
de
origem
celestial
ou
sei
lá
de
onde...
Estes
como
desconhecia,
me
sentia
como
o
velho
ancião
que
ditava
nomes,
mas
eu
não
era
um
completo
ditador,
meus
ditames
seguiam
regras:
tudo
deveria
ter
exatamente
os
nome
que
lhe
convém.
Mas
acontece
que
o
dia
chegou:
olhou-me
como
quem
olha
sem
pretensões,
sorriu
como
quem
nada
queria,
moveu
os
cabelos
de
forma
que
tenho
certeza:
somente
eu
perceberia.
Nesse
dia
passei
por
uma
verdadeira
cólera
nominativa:
como
se
chama?
Como
eu,
dono
dos
maiores
poderes
moderadores
já
existentes
dentro
de
um
império
limitado
por
um
corpo
carnal,
nominarei
algo
que
não
entendo?
Não
poderia
oferecer
um
nome
banal,
desprovido
de
seus
sentidos
reais,
não
podia
tratar
um
nome
simplesmente
como
sequências
sonoras,
não
serviria
para
minha
necessidade.
Passei
por
uma
longa
crise
existencial,
aquilo
que
outrora
me
dava
tanto
prazer
e
certeza
de
meus
poderes,
já
não
tinha
controle,
já
não
sabia
como
titular,
como
dar
sonância
ao
que
me
atacou
de
forma
traiçoeira
e
capital,
fazendo
ruir
os
alicerces
meus.
Passei então a andar por minhas
ruas, que construo aos poucos desde criança, ruas estas que não
tenho as melhores lembranças, e que agora, com tanta bagunça, tanta
incerteza, tanto barulho, já nem mais parecem minhas.
Sem
saber,
cedi
ao
desespero
como
de
forma
alguma
poderia,
e
nada
mais
pude
fazer
do
que,
humilde,
implorar:
o
que
não
compreendo,
que
não
ouso
mentir
e
dizer
que
já
vi,
o
que
me
estremece,
a
incerteza
que
teus
olhos
revelam
para
os
melhores
leitores,
como
se
chama?