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quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Os Lábios e Nárnia

Mesas sujas, cadeiras sujas, chão sujo, gente suando, e soando, eu era um. Atravessei rapidamente aquele nojento salão, não olhei as moças com decotes compridos, desvairadas por dinheiro, vendendo além do que deveriam vender.
Ao sair me deparei com uma moça cheia de meandros, não me interessava, estava com apenas uma em mente, aquela de porte pequeno, rosto sensível e delicadeza profunda.
Caminhei por alguns minutos, talvez trinta, passei por casas de várias cores, com luzes acesas, de várias cores, ouvia vozes vindas de dentro das mesmas, de vários tons, me perguntava até que ponto seria verdadeira aquela animação camuflada, ou talvez, seria apenas uma vitrola antiga soando.
Caminhando pensei na vida, nas paixões, nas traições desejadas e indesejadas, afinal, qual homem nunca traiu? Difícil seria achar uma mulher com a certeza de nunca ter sido traída, afinal, pensamentos são um leque de traições, na mente de cada passa coisas inimagináveis, mulheres despidas, mulheres posicionadas, de lado, de frente, em pé, no sofá...
Cheguei diante da porta, talvez estivesse deitada, bati suavemente, atento ouvi aquela voz doce reclamar da perturbação, ao abrir, à vi com uma camisola curta, com algo bem mais curto por baixo, a olhei da cabeça aos pés, desejei-a toda, mas estava com o orgulho preso na garganta para pedir humildemente uma noite.
- entra
- não quero
- tava lendo, acho haver tempo de eu viajar novamente nas explorações de Polly e Digory
- creio que o Tio André os tenham aprisionado muito bem entre os dois mundos
- já voltaram
- acho que ta tarde
- concordo com você, quer entrar?
- quero uma noite
- acho que não estou disponível sempre
Nárnia sumia como o ateísmo de um ateu correndo na contramão do inevitável.

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